A Pessoa do Anticristo: uma disputa sobre o Papado | François Turretini

François Turretini é, sem exagero, um dos maiores teólogos reformados do século XVII. Em sua disputa sobre o Anticristo, ele nos apresenta uma das defesas mais completas e bem fundamentadas da posição protestante clássica: a de que o papado carrega todas as marcas do Anticristo descritas nas Escrituras. Ele fundamenta seu argumento em uma exegese cuidadosa da Bíblia e em uma leitura sólida da história da Igreja. Para Turretini, o Anticristo não é um tirano futuro, mas um sistema já operante desde os tempos apostólicos — disfarçado de amigo de Cristo, mas negando-o na prática: exaltando-se acima de tudo o que é chamado de Deus, pervertendo o culto divino, instituindo dogmas espúrios, promovendo a idolatria, usurpando os ofícios de Cristo, obscurecendo o evangelho com tradições humanas e perseguindo os fiéis. Com isso, Turretini defende que a separação de Roma não é uma reação injustificada, mas uma resposta necessária aos desvios da Igreja Romana, que, ao longo da história, se afastou cada vez mais do evangelho. Sua análise teológica é também um chamado urgente para que todos os cristãos se apartem das distorções que se infiltraram no seio da Igreja, preservando a pureza da fé cristã.

Poucos temas hoje exigem tanta coragem quanto este. Desde o Concílio Vaticano II, católicos e protestantes passaram a evitar acusações mútuas de heresia ou cisma, como se a verdade pudesse ser negociada em nome de uma falsa paz. Mas é justamente nesse cenário de ecumenismo diluído que esta obra se torna necessária e urgente. Roma não abandonou seus desvios — apenas os revestiu de novas roupagens. Por isso, a defesa de Turretini nesta obra continua indispensável. Trata-se de uma leitura obrigatória para todos que desejam resgatar a integridade da fé reformada e manter viva a consciência confessional que marcou os grandes nomes de nossa tradição.

 

— Frankle Brunno,
Editor-chefe da João Calvino Publicações